Sábado, 30 de Março de 2013
O poeta Brás Garcia de Mascarenhas foi também capitão-mor aqui em Vilar Maior
Mais do que pelo seu passado de emérito cabo de guerra, aquele governador das praças militares de Riba-Coa, celebrizou-se como autor de um poema heróico - O Viriato Trágico.
Toda a série de epítetos, escreve António Manuel de Andrade Moniz - num estudo de grande nível intitulado Viriato - Herói Lusitano - O Épico e o Trágico - que o Poeta lhe atribui
Raio do monte e da campanha
Terror da Itália e do mundo espanto
Glória de Portugal, honra de Espanha
Triunfante da águia que triunfando tanto
Tanto a seus raios tímida se acanha
espelha hiperbolicamente o propósito de o poeta épico glorificar o chefe Viriato.
Dezoito lustros de anos pelejando
Toda a potência bélica do romano
Não pode, ora perdendo, ora ganhando
Acabar de render o lusitano
E comenta Andrade Moniz, apesar das suas incoerências históricas, o poema é uma brilhante homenagem do poeta barroco português ao arquétipo lusitano da resistência heróica à invasão romana do século II antes de Cristo.
De facto,Viriato, neste poema, brilha como exemplo do INTEGER VIR, da consagração do lider à sua comunidade, através da Fides, Paupertas, Concordia, Clementia, Liberalitas, auctoritas.
Mas existiu um ou muitos viriatos.
Viriato foi um nome próprio que individualize e identifique um chefe militar.
Ou será mais propriamente a designação genérica de autóctones que lutaram contra o invasor romano
E que, sendo isto já uma certeza historica, se acolheram aos castros, crastos ou citânias que existiram no termo do que foi o antigo município de Vilar Maior.
De José Miguel Meneses de Almeida a 25 de Junho de 2013 às 17:20
Gostei muito deste artigo, contudo, se me for permitido, gostava de acrescentar um parecer pessoal sobre o contexto da obra de Brás Garcia de Mascarenhas (BGM), "Viriato Trágico". No meu sentir e dado o contexto histórico do próprio poeta e guerreiro - que não esqueçamos, nasceu em 1596, portanto debaixo do jugo espanhol - entendo esta obra como uma espécie de metáfora. Explico-me: em vez de Lusitanos e Romanos, temos, na verdade Portugueses e Espanhóis e a obra tem evidentes apelos ao patriotismo, ao levantamento patriótico, o qual vai ocorrer em vida do próprio em 1640, como sabemos. De facto, para quem possa não saber, um dos maiores feitos de BGM foi batalhar de forma sagaz e patriótica, pela consolidação da Restauração da Independência - o tal dia 1 de Dezembro, que nos retiraram, a nós Portugueses do séc XXI, do calendário dos feriados nacionais… como se, nos momentos políticos, sociais e económicos actuais, não precisássemos mais do que nunca de refundar um Portugal atolado, submetido, desanimado, destruído, enfim…
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