De Vilar a 10 de Fevereiro de 2008 às 01:03
Possivelmente, o fotógrafo terá escolhido (de sofisma?) o melhor ângulo de enquadramento da imagem, de molde a dificultar a resposta à pergunta que formula. A ser verdade, os intentos poderão sair gorados, face a tamanha aberração, como é a da construção apresentada na imagem. É que, como o barracão (cuja finalidade inicial teria sido pensada para uma corte de ovelhas) se encontra situado em local tão estratégico e altaneiro, não haverá qualquer entrada em Vilar Maior (exceptuando, talvez, as do Pinguelo /Fraga e a do Enchido/Castelo), que não choque qualquer comum dos dos mortais ao avistá-lo. Depois, quem estiver interessado (se é que algum interesse haverá nisso) em vê-lo de perto, é só dirigir-se aos Craveiros, virar à direita e subir a Talainha " ou Atalainha . E se for alguém curioso e interessado por questões de toponímica e pretenda saber a origem do lugar, alguém lhe explicará que o mesmo se deve ao facto de, em tempos, perto daquela construção senão no próprio local de implantação, existiu uma atalainha que juntamente com a Atalaia das Moitas e a da Santa Marinha (se não erro), cujas ruínas ainda são visíveis, constituíam postos estratégicos avançados de vigilância e defesa, relativamente ao castelo. E era naquele local antes de ocupado com o "mamarracho", que o Zé Laranja, volta e meia, obsequiava os Vilarmaiorenses com umas serenatas de acordeão nas cálidas noites de Verão.
De Anónimo a 10 de Fevereiro de 2008 às 19:12
A ser um curral de ovelhas qual a finalidade da antena de televisão? Já ouvi dizer que em caso de animais stressados, uma boa terapia consiste em dar-lhes cessões de música. Mas colocá-los a ver televisão com essa finalidade, é novidade para mim.
De
julmar a 10 de Fevereiro de 2008 às 21:34
Ponto de vista
Está lá tão no alto que o difícil seria não ver. Porém, tudo depende da maneira como se vê. Há mesmo uma maneira de ver que consiste em não ver. Para quem o mandou fazer, respondeu puramente a uma necessidade que, segundo Vilar terá sido abrigar o gado. Não sei o que o seu proprietário terá pensado (ou se terá pensado) da questão estética da construção. O homem tinha gosto musical, e lembro-me das noites cálidas de Verão em que, lá do alto, descia a música tirada do tactear das notas do acordeão. É verdade que não era nenhum primor, mas é inquestionável que quem toca um instrumento tem gosto em o tocar. Claro que uns tamancos serão sempre considerados como calçado grosseiro mas nem por isso deixam de dar aconchego e conforto a quem os usa. Era essa a utilíssima arte do pai do José Fonseca, por alcunha Laranja. Ora bem, também a música pode ser atamancada e nem por isso deixa de dar gozo a quem a executa.
O que quero dizer é que, concerteza, o seu proprietário há-de, para além da utilidade, da construção ter olhado de perto e ter olhado de longe e soltado um adjectivo sobre a beleza da obra. O homem, um dos poucos que não terão emigrado, de trato muito agradável, praticante de vários ofícios , nomeadamente, o da enxertia e conhecedor de variadíssimos processos de caça, fez o que lhe pareceu bem.
Eu tive ocasião, de estar no local recentemente. É um sítio magnífico com uma paisagem fabulosa com avistamento até longa distância como convinha a uma atalaia. E é num sítio histórico como este que se licencia uma construção assim!
Lá tão no alto e a Junta – que se supõe zelar pelo bem comum – não viu; a Câmara não viu. E o que eu acho grave é que muita gente não vê.
De Jarmeleiro a 10 de Fevereiro de 2008 às 22:52
Eu cá por mim, vendo o retrato assim ao perto nunca daria aresto do sitio. Realmente está ali uma grande marranada como diria o Tonho Jeromino . E essa coisa do ver ou não ver, é como diz o otro . Se calhar são de Olhão jogam no Boavista mas passam plo arco Cego. E o Zé Fonseca (todos zés ) a unica culpa que teve foi querer fazer a obra. O homem até era um artista. Na caça fazia jeringonças e armadilhas. Caçava aquilo que os otros no viam e nunca usou espinhada . Na concertina é verdade que muntas vezes andava pra ali às aranzas e não atinava com as modas. Mas munto fazia ele porque quem teve como pressor o Zé Bernardo, que só sabia o caga cão, não se pode pedir mais. Mas já no pífaro , que ele fazia dos troncos do sabugueiro, aí ninguem o atrapalhava. E foi o primeiro pastor na Vila a ter uma piara completa de ovelhas marinas. Que Deus o tanha em paz.
De Anónimo a 16 de Fevereiro de 2008 às 15:17
"E o que acho grave é que muita gente não vê"
Esses são os tais que utilizam aquele método que só vêm o que lhes convém, ou seja, aquela maneira de ver, que consiste em não ver.
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