
O mirante é aquele que mira. Com rigor se deveria dizer miradouro.
Que memórias lhe traz este lugar?
De "O Vila" a 2 de Junho de 2008 às 00:12
Que dizer deste lugar que desde a nossa mais tenra idade os nossos olhos, mesmo sem querer, se habituaram a ter ante eles!!!!. Foi um sitio testemunha das nossas brincadeiras, desde o futebol no estádio da praça ao jogo da chôna , do pião (com as respectivas nicas- era assim que se dizia?-no peão suplente que para o efeito levava quem deixava que o seu fosse empurrado até ao fundo da praça...) ao corcho lorêgo , à lua....um interminável rol!!.
Sitio previlegeado para daí se observar a quermesse e baile dos dias de festa do Senhor dos Aflitos. Miradouros como este só mesmo os de Ascensão e Graça Leonardo (não tão encima do "acontecimento")
Em períodos de futebol que aí decorriam, o jogo só parava quando os burros de Chico Henriques tinham de passar pelo portão que, por coincidência, era uma das balizas, quando chegavam com os talêgos da farinha, vindos do moinho da fraga. Só a morte poderá mais tarde (?) matar estas lembranças!!!.
Tempos em que se seguravam as calças com alças e quando uma se arrancava servia de corda para o que atrás conduzia o cavalo que tinha "cegado" na carreira!!!!.
Este comentário diz tudo...
De
julmar a 2 de Junho de 2008 às 21:39
Diz quase tudo, Manuel Maria! Porque era do mirante que um homem com um estadulho segurava pela parte superior o enormíssimo balão (quando somos pequenos as coisas grandes parecem muito grandes mesmo) do sábado de festa enquanto o ar quente o fazia inchar até ao momento que o pirotécnico achava em condição de subida. Neste momento era um silêncio total e uma ansiedade infinda , enquanto o homem de cócoras o pegava em suas mãos para o elevar. Assim que descolava, respirava-se de alívio, e a banda de música com composição adequada exultava o êxito da assumpção do balão aos céus até ao desaparecimento na confusão estelar.
De
julmar a 2 de Junho de 2008 às 21:42
Diz quase tudo, Manuel Maria! Porque era do mirante que um homem com um estadulho segurava pela parte superior o enormíssimo balão (quando somos pequenos as coisas grandes parecem muito grandes mesmo) do sábado de festa enquanto o ar quente o fazia inchar até ao momento que o pirotécnico achava em condição de subida. Neste momento era um silêncio total e uma ansiedade infinda , enquanto o homem de cócoras o pegava em suas mãos para o elevar. Assim que descolava, respirava-se de alívio, e a banda de música com composição adequada exultava o êxito da assumpção do balão aos céus até ao desaparecimento na confusão estelar.
De Ribacoa a 2 de Junho de 2008 às 23:33
«Quando somos pequenos as coisas grandes parecem muito grandes mesmo», diz julmar referindo-se ao balão». É verdade e aplica-se ao próprio mirante que parecia enorme não tanto pelo tamanho do espaço físico, mas sim pelo número de pessoas que nele se aglomeravam para não perderem pitada dos eventos levados a cabo na praça, não esquecendo os espectáculos dos tiriteiros (triteiros?) . É que, se a prole do seu proprietário, o Professor Pinheiro (ao tempo uma figura incontornável de Vilar Maior), só por si já era grande, havia sempre mais um lugar para os amigos mais chegados, facto que transmitia a ideia de ali se juntar uma autêntica multidão. É caso para dizer que nessa altura, o mirante cumpria plenamente os desígnios para que fora concebido. Porém, de há anos a esta parte, é com alguma apreensão e uma ponta de tristeza que venho constatando que o mirante tem vindo a crescer muito... Sempre a crescer... Sobra ali muito espaço.!!! cada vez mais espaço.!!! E isto é mais um mau prenúncio.
De Jarmeleiro a 3 de Junho de 2008 às 20:14
Uma festa sem balão não era festa. o pior era quando o balão não sobia e se incendiava logo ali na praça. Aí até os garotos choravam baba e ranho com o desgosto.
De "O Vila" a 3 de Junho de 2008 às 22:58
Certamente que os mais velhos recordarão aquele ano em que tudo estava a correr bem.....o homem encima do mirante com o estadulho a segurar o balão, enquanto o outro cá em baixo se atarefava em ordem a enche-lo de ar quente....verificado que tudo estava nas condições ideais, começa a manobra de o levar para sitio onde num impulso ele deveria subir, subir até perder de vista e se confundir com as estrelas brilhantes do céu. Aconteceu porém o inesperado. Depois daquele necessário impulso, uma rabanada de vento atira-o para o lado e foi exactamente cair encima de um carocha que estava estacionado em frente à casa do Sr . Raul. Não fora a destreza de José Dias Gonçalves que rapidamente o retirou de cima do veículo e este poder-se-ia ter incendiado. Ficou a tristeza e a desilusão, principalmente da garotada que passara um ano inteiro a sonhar com este momento.
De Carina a 2 de Junho de 2008 às 18:04
Os dias da festa os bailes onde dei os meus primeiros passos na dança e o mirante cheio de pessoas são das minhas melhores recordações da Vila.
De paula a 2 de Junho de 2008 às 20:58
Esse mirante tem memórias da minha infância: de jantares de bonecas c/ pão e azedas e de trocas de conversas c/ gente da minha idade que lá habitava e que insistia em tirar-me da minha habitual reserva.
Memórias que me parecem ternas e que me fazem ter uma grande vontade de transmitir aos meus filhos o mesmo gosto pela Vila que eu tenho.
De "O Vila" a 2 de Junho de 2008 às 22:42
Este comentário traz-me à memória fotos que já há anos não vejo (eu não as tenho) mas Julmar certamente as terá e podia, tal como já por diversas vezes aconteceu, traze-las aqui. Essas fotos mostravam adultos que hoje são pais e mães de familia e aparecem montados em burros, quando tinham os seus 3 ou 4 aninhos. Certamente haveria muita gente que os não reconheceria, passados que são tantos anos!!.
Deixo a minha sugestão.
De "O Canivete" a 2 de Junho de 2008 às 22:58
Depois destes emotivos comentários, fico algo apreensivo pelo "não responder à chamada" de Ribacôa . Tem aqui matéria que só ele sabe deslindar e de uma maneira que lhe é muito peculiar. Aponto como exemplo aquele jogo do pião a que "O Vila"se refere mas que porventura, para não alongar mais o comentário, não explica no seu pormenor.
É só "um desafiar" pois ele é que sabe. Esperamos e desejamos que não seja por aquela apetitosa e gostosa comida de gravanços , a que aludia, lhe poder ter provocado alguma dorzita de barriga!!!!!.
De Ribacôa a 3 de Junho de 2008 às 00:36
Caro " O Canivete" . Comecei a escrever o comentário supra às 21H. Interrompi e recomecei mais tarde. Só quando publiquei é que vi o teu repto. Abordei o assunto por um outro prisma. E muito mais haveria a dizer sobre o quanto se poderia mirar daquele mirante. Exemplos? A chegada diária do correio ao comércio do Sr. Aníbal Gata e ver estampada no rosto a ansiedade, quiçá angústia, dos que aguardavam avidamente que fosse pronunciado o nome de um qualquer ente querido que labutava por terras de França, pelas Américas, por Lisboa, ou tivesse partido em missão militar para as Áfricas ; Ver a correria de alguém que fôra chamado para atender uma chamada tefefónica no referido comérciol;
Apreciar o natural rebuliço, de uma qualquer tarde domingueira no recinto do cimento, podendo, inclusivé, apreciar uma jogatana de raoila;
Dar fé de uma zaragata na praça onde muitas vezes eram distribuidas, a esmo, umas valentes tretoiradas e até estadulhadas. Apreciar o vai-vem de quantos se dirigiam ao xafariz acarretando cântaros ou baldes de águade. Enfim: poderia continuar a desfiar o rosário, já que o tema (o Manuel Maria que me perdoe), a isso se prestal.
De Ribacôa a 3 de Junho de 2008 às 08:36
As minhas desculpas pelas pequenas "gralhas". A noite já ía longa.
De Dofaleiro a 3 de Junho de 2008 às 14:52
Na minha opinião, o simples episódio da chegada do correio (seria o ti Agostinho de Aldeia da Ribeira?), a abertura do saco das cartas e a leitura dos nomes e entrega aos destinatários, daria um belo romance. Foi muito bem lembrado por Ribacôa.
De Anónimo a 3 de Junho de 2008 às 22:14
Do que do mirante (quer dizer miradouro) se mira já muito se disse. Não tudo. Do mirante em si há a destacar a velha glicínia (planta ou arbusto de que desde sempre me lembre é, para mim velhíssima) cujo intenso retenho ainda. Terá sido uma construção do sogro do professor António Esteves Pinheiro quando regressou de África.
Voltaremos ao tema.
De Lian a 4 de Junho de 2008 às 20:29
Atrasei-me e o que de essencial havia a dizer sobre o mirante está (bem) dito. De todo o modo, a minha intervenção tem tudo a ver com Vilar Maior e diz respeito ao que vem referido no Blog Capeia Arraiana , onde se refere que a Vila reúne todas as especiais condições e atributos privilegiados para ser considerada (de direito, porque de facto já o é), aldeia histórica. Para quem ainda não o fez e queira espreitar, basta ir ao fim desta página, entrar no referido blog e procurar em categorias, -Vilar Maior- . Pode aproveitar ainda para dar uma olhadela às fotos da Feira medieval e até às da festa de S. Marcos do Carvalhal.
De Maria Adelina Pinheiro Báebaea a 31 de Julho de 2010 às 18:17
Tenho muitos saudadas desse sitio. Muitas vezes "mirei" dali a praça, na companhia do meu avô António Esteves Pinheiro. As melhores férias da minha vida foram passadas nessa casa, todos os anos em Setembro, durante a minha infância.
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