
O Carnaval - adeus ó carne! era comemorado gastronomicamente em Vilar Maior no Domingo Gordo com o bucho cozido mais o toucinho e enchido acompanhado pelo vinho carrascão. Os miúdos pelas ruas de chocalhos, guizas e campaínhas na mão saudavam-no: - Vivó Entrudo!
Alguns folgazões não perdiam a ocasião para parodiarem o que durante o resto do ano eram obrigados a respeitar.
Lá ia um com o molho de cornos às costas acompanhado de outro que levava os cambos (a tradicional balança com fiel). Chegados junto de um grupo de homens, perguntava: Quem compra os cornos? Dizia um: -Aqui está tudo servido! O outro acertando o fiel da balança: - É tão certo!
A rapaziada aproveitava para fazer partidas e deitar as bogalhadas.
Os novos que não entenderem perguntem aos mais velhos.
De Anónimo a 19 de Fevereiro de 2009 às 16:47
Então tudo mudo e quedo sobre este tema "fracturante" (como agora se diz)?
De Anónimo a 19 de Fevereiro de 2009 às 22:44
Calma aí que se vai abrir o livro............
De "O Vila" a 19 de Fevereiro de 2009 às 22:13
Pois então... Vivóóóóóóóóóóó´entrudo .
Eu confesso que era um pouco medroso e não tinha muito jeito para ir deitar as bogalhadas (que por vezes o pote de barro já não levava somente bogalhas mas já se misturavam uns cacos, sim porque as bogalhas por vezes eram poucas). Sei que há aqui muitos bloguistas que sabem melhor e têm mais jeito para descrever o acto de ir deitar uma bogalhada . Eu apenas sei que se juntava um magote de rapazolas (14/15 anos) e combinavam qual devia ser a vítima. Munidos de um cântaro velho, já sem préstimo por não ter asas, por exemplo. Metidas lá as bogalhas ei-los que se encaminham para a casa previamente selecionada . Porta só com o pincho como era habitual. Um dava um empurrão àquela e após ficar escancarada, o portador "da bomba" arremeçava a bogalhada para o interior que muitas vezes correspondia a pequeno corredor onde as bogalhas rolavam juntamente com os cacos do pote partido. Acto contínuo, toca a dar às de vila diogo para que os moradores não apanhassem algum que viria a pagar por todo o grupo.
Dirão os mais novos: que piada tinha isso??!!.
Naquele tempo não havia play stations e a malta tinha de arranjar coisas que fizessem "mexer" e criar andrenalina ....e havia coisas diferentes para as diversas fases do ano. Na quaresma era esta, o jogo do cântaro, sinos silenciosos substituídos pelas matracas que convidavam os fieis para o terço de que fazia parte a via sacra. Na misericórdia à noitinha lá estavam os garôtos todos à frente e se acaso se gerava brincadeira entre alguns, lá vinha detrás a bengala do sr . Joaquim Ribeiro (Simões?) a atingir a orelha de algum menos precavido e este gesto servia de "ensino" para os restantes.
Muitas mais coisas haveria para contar mas não quero tirar a vez a quem, até melhor que eu, tenha algumas bem interessantes.
Vivóóóóóóóóóóentrudo......
De Anónimo a 23 de Fevereiro de 2009 às 17:23
Joaquim Ribeiro... figura de "cacique" de aldeia que conheci ainda... Explorava os pais e ainda batia nos filhos? Tempos lixados, esses em que para se comer, se calava e ugava ao jugo dos poderosos!
De Anónimo a 19 de Fevereiro de 2009 às 22:22
Ficou-me na memória o facto de alguns anos o Sr. António Seixas percorrer as ruas da vila com o seu burro engalanado com colchas de cores vivas e assim dava-lhes um colorido que as diferenciava dos dias comuns.
De Anónimo a 19 de Fevereiro de 2009 às 22:42
Voltando à via sacra, quando o P.e Narciso não podia estar presente havia sempre a boa vontade e devoção da Sra Elvira Cardosa que percorrendo as diversas estações da via sacra ia contando as palavras que nós, os garotos entendíamos assim: E nesta via sacra se medita e contempéla as quedás quedeu Nosso Senhor Jesus Cristo da casa de Ânas para a casa de Caífas .....segunda estação Jesus cai no lapacheiro ...mas que grande castrastófe os garotos atiram chinas ás suas divinas fácias ....
Naturalmente que nós não nos apercebíamos das verdadeiras palavras e do seu sublime sentido. Não quero com isto melindrar qualquer pessoa, também sou católico, mas de facto na altura a nossa tenra idade não dava para entender o português correcto e o significado das palavras!!!.
É carnaval, ninguém pode levar a mal!!!.
De jarmeleiro a 20 de Fevereiro de 2009 às 17:05
Nunca tinha visto tal coisa. Se as bugalhas pezassem tanto como as maçãs estaria todo avarangado com o peso. e se fossem boletas davam pra cevar um marrano Quem sabe se é na vila.
De Anónimo a 20 de Fevereiro de 2009 às 22:42
Alhos ou bogalhos?
De Jarmeleiro a 21 de Fevereiro de 2009 às 23:32
Se é pra emendar os meus erros , digo-lhe que não vai ter mãos a medir. não lhe vou dar decanço pois ás vezes dou tres e mais erros na mesma palabra.E olhe que não me importo nada.
De Anónimo a 23 de Fevereiro de 2009 às 14:06
Erros meus
Má fortuna,
Amor ardente...
Corrigir o Jarmeleiro!
Valha-nos Deus!
O Jarmeleiro tem uma escrita regionalista e criativa.
Se os gajos do Acordo Ortográfico a conhecessem tinha sido tudo mais fácil e consensual.
E faz bem em não se importar.
Havia aquele gajo que já adulto mijava na cama. O medico receitou-lhe qualquer mézinha.
Passados uns tempos perguntou-lhe o médico como estava, se o remédio estava a fazer bem. Respondeu o doente: Muito bem, continuo a mijar na cama mas já não me importo.
De Jarmeleiro a 23 de Fevereiro de 2009 às 21:42
Bem haja pela sua openião em meu abono. Eu bem sei que há aí esse corretor de erros. Podem-me précurar porque não le sumeto o que escrevo. Não o faço isso por via do que me sucedeu a vez que o fiz. Emendei tudo como lá mandava mas quando fui a ler, as coisas soaram-me tão mal que comessei a matutar que aqule comentário nem era meu. Poderei estar errado mas prás coisas me soarem bem tenho que escrever tal qual como falo. Só me preocupa é que os outros não intendam as minhas ideias que são sempre simples.
A todos uma boa noute .
Quem aqui melhor bota palavra é o Jarameleiro. Nenhum erro. Tudo escorreitinho e como soa o povo.
De anónimo a 21 de Fevereiro de 2009 às 22:42
HAVERÁ CERCA DE 50 ANOS, ERA EU UM MENINO, QUE POUCO COMPREENDIA DAS COISAS MAS RECORDO-ME PERFEITAMENTE, DO QUE ALGUNS MENINOS QUE TERÃO AGORA OS SEUS 70 E TAL ANITOS, DA MALANDRICE QUE FIZERAM AO POBRE DO TI CHICO CUNHA QUE EM VEZ DE METEREM BUGALHAS NO CÂNTARO METERAM, SABEM O QUÊ ? EXCREMENTOS E ÁGUA COM PEDRAS E ATIRARAM O PRESENTE PELA CASA ADENTRO. DIGO POBRE DO TI CHICO CUNHA PORQUE PARA ALÉM DE TER QUE LIMPAR O PRESENTE FICOU COM A FARINHA DE CENTEIO QUE GUARDAVA NA LOJA INTERIOR TODA MOLHADA, E TALVEZ ESTRAGADA, E QUE SERVIRIA PARA FAZER O PÃO TALVEZ DURANTE A PRIMAVERA E O VERÃO SEGUINTES. MAS O QUE EU MELHOR RECORDO É A IMAGEM DO TI CHICO CUNHA PELA RUA FORA COM UMA VARA NAS MÃOS Á PROCURA DE VER ALGUM DAQUELES MENINOS QUE TERIAM ENTÃO OS SEUS 20 E TAL ANITOS. NA ALTURA NÃO PERCEBI QUAL SERIA A INTENÇÃO DO TI CHICO CUNHA MAS HOJE SIM IMAGINO.
De Anónimo a 22 de Fevereiro de 2009 às 10:30
Meninos de vinte e tal anitos?
Tiraram a um pobre velhote, alegremente, o pão da boca durante um ano.
E ainda contam, na terceira pessoa.
De boa massa se fez esta rapaziada vilarmaiorense.
De Anónimo a 22 de Fevereiro de 2009 às 22:02
Vistas bem as coisas, não acredito que toda a farinha se tenha perdido!!!!. O que poderá ter acontecido foi tirar a que estava ao de cima e que mesmo assim foi usada para a vianda dos marranos de tenra idade, pois teriam sido adquiridos lá por Novembro no mercado de Alfaiates ou em qualquer outro das terras vizinhas, para substituir o que na altura, depois de bem cevado, fora morto e já se transformara em mil e uma coisa diferentes para ser consumido ao longo do ano.
Da restante farinha fizeram-se os pães que cozidos no forno aquecido pelas giestas, mataram a fome ao agregado familiar, sozinho ou com o peguilho de um bocado de toucinho ou porção de uma chouriça ou farinheira.
De João que chora a 23 de Fevereiro de 2009 às 22:13
E esta, senhor Jarmeleiro?
E esta?
Fotitu, fotitu Zé Seixas que matate a pita peta ca auga fugenta!
Tradução:
Foste tu, foste tu, Zé Seixas que mataste a pita preta com a água ferrugenta
De Jarmeleiro a 24 de Fevereiro de 2009 às 23:57
Essa tem que se le diga.
Este que acusou o Zé Seixas de matar a galinha, escalhar era ou é preso de fala, ou até poderá ser gago. Ora se ele escrever como fala (como eu faço) a escrita saiu a gaguejar e precisou de tradussão. Inda bem que eu não sou gago.
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