Atrás da parede do cemitério virada a norte, encontra-se uma pequena colina cujo cume foi aproveitado para a instalação de três cruzes, aquando da representação da Paixão destinada à cena final em que Jesus é crucificado entre os dois ladrões. Trata- se de um local rochoso de onde saíram rochas transformadas em blocos para a edificação das muralhas e/ou da torre de menagem. O local onde foi erigido o atual cemitério junto da igreja em ruínas da Senhora do Castelo (de cujo corpo se usaram as pedras já talhadas para a edificação do cemitério) seria um lugar relativamente plano, quem sabe se um largo em tempos idos onde se realizasse uma feira que como sede de concelho é mais que provável.
Aí se encontram esculpidas na rocha as obras que as imagens retratam
(Imagem 1)
2.Do lado direito (quando virados para a torre de menagem), a menos de um metro sobre a mesma rocha, encontra-se uma outra obra que é, geometricamente, um arco de circunferência com 105 com raio de 100. Junto ao vértice do arco encontra-se uma concavidade circular semelhante aos gonzos de porta, que serviria para rolar um eixo. Ao lado deste, uma incisão reta de 15 de comprimento e 2 de largo. Do mesmo lado, no vértice do arco, tem igual incisão com iguais medidas. Tem a mesma inclinação que a lagareta descrita em 1.
3. A uns quinze metros destas, andando no sentido do castelo, encontra-se incisa numa rocha uma pequena pia quadrangular (cerca de 30 de lado) com uma profundidade de cerca de 10(medidas a confirmar).
(todas as medidas referidas são em centímetros)
Quase sempre, dada a minha falta de formação nestas áreas, tenho muito mais dúvidas do que certezas. Que são resultado de obra humana e não fatores da natureza, não há dúvida e que, portanto, ali estão materializadas, intenções, necessidades, desejos, saberes e tenologia. Que tais obras se enquadram num ecossistema de gente sedentária que por ali viveu em comunidade, não há dúvida.
Quanto à imagem 1, quadrangular tratar-se-á de uma pequena lagareta e serviria para pisar uvas, fazer vinho. Coloca-se o problema sobre onde armazenavam o vinho e como é que (ou onde) o fermentavam.
Quanto à imagem 2 – Não consigo colocar hipótese, dado sugerir haver um mecanismo qualquer que ali trabalhava. (Tratamento de peles?!)
Quanto a o pequeno recipiente 3 – Poderia tratar-se de uma medida de capacidade para cereais e outras granívoras.
Devemos ter em conta que o ecossistema natural em que se encontram se não mudou na sua morfologia, mudou muito em termos de fauna, de flora e de recursos hídricos. As encostas do castelo já foram lugares produtivos onde ainda na primeira metade do século XX se cultivava a vinha e que depois da filoxera os proprietários se queixavam depois de terem sido obrigados a arrancar as videiras continuarem a pagar a décima muito elevada. Constava que o melhor vinho provinha da encosta sul e oeste. Nestes terrenos feitos de socalcos desde o sopé até ao cume, quase todos cavados à enxada proliferavam cerejeiras, figueiras, marmeleiros, amendoeiras e nogueiras que produziam em abundância. Também havia recursos hídricos (minas, poços e nascentes) O último poço próximo (40 metros) das imagens de que nos trouxeram a este texto foi soterrado em 2007 quando fizeram o calcetamento da rua que conduz ao parque do castelo.
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