Caindo-me com facilidade o pé para questões filosóficas, direi apenas aquilo que, sem especulação metafísica, qualquer um constata: Há a realidade que representamos pelo pensamento e que traduzimos em palavras. Nesta trilogia do ser, pensamento e linguagem se contêm todas as outras questões, nomeadamente as que nos conduzem ao entendimento da relação do homem com o meio, isto é, à cultura. E nesse seguimento constatamos que a cultura produz o homem que, por sua vez é um produtor de cultura: o ti Zé Silva ou o ti Zé Duro que na forja moldam o ferro, o Faia ou o Lavajo que com a enxada reviram a terra das hortas, o Nunes que lavra a tapada de uma ponta à outra, o Junça que com o toque dos sinos regula o tempo sagrado e a vida profana, o forneiro que coze o pão, a costureira que apronta as vestes, o ti Jerónimo que desbasta a pedra que se há-de conformar ao lugar, o padre que diz a missa, o pastor que apascenta o gado ... e seria um rosário sem fim a enumeração de todas as atividades e gestos, acrescentados das representações mentais e da comunicação entre os homens, mais os sentimentos e emoções experimentados. E tudo isso é feito na obediência a um código de regras que, como um maestro invisível, leva à execução de uma polifonia admirável. Há na vida uma gramática tão ou mais complexa que a gramática da linguagem. E nem uma nem outra são acompanhadas de livro de instruções.
Não precisa sair da Vila para entender o que é a cultura. Aqui se passa, o que com o homem se passou e se passa em qualquer lugar: o homem frente à realidade, pensando, agindo e comunicando. Porém, em circunstancias diversas, em tempos e espaços diferentes; com histórias e geografias diferentes.
E é essa diversidade de fatores que as torna únicas, lhes confere uma identidade. Essa identidade é feita pela sua história que se insere na história da região e do país; pelo espaço em que se desenvolve; pela ação das gentes; pelo poder (autonomia) que tem para preservar a sua identidade. Quando os fatores mudam, muda a cultura segundo as leis da adaptação e conservação. Porém, por vezes, as mudanças são tão rápidas e profundas que tornam impossível a adaptação. Foi o que aconteceu com a cultura de Vilar Maior, um caso paradigmático de muitas outras no interior do país que, lentamente definham e morrem.
Compreender inteiramente o que se passou e interrogarmo-nos sobre o futuro, parece-nos ser um trabalho urgente. Porque, talvez, nem todo o passado esteja perdido. Em circunstâncias diferentes, é certo, no passado, os reis tiveram de tomar medidas drásticas por causa do despovoamento das terras.
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