A aguardente que matava o bicho, fosse lá o raio do bicho que fosse, um trago pela manhã a arrancar lágrimas represas; a aguardente cara demais para vidas baratas que nem os próprios queriam; a aguardente onde a mãe embebe uma chupeta de açúcar para pôr termo ao choro sem fim da criança; a aguardente que concorre com a urina do próprio na desinfeção do farracho inesperado; a aguardente que mistura com o mosto para fazer a jeropiga, essa bebida fina bebida em pequenos cálices em dias de nomeada. Essa bebida com que muitos teimavam matar as mágoas tornou-se companheira inseparável que apagou o nome de batismo e lhe granjeou o de Aguardente, o ti Aguardente
Por vezes, tornava-se viciante e base de uma liturgia quotidiana.
A aguardente que o estômago já não suportava, mas que fazia parte do ritual: todos os dias, à mesma hora, encostava o burro, frente ao café, posta a corda no polegar da ferradura, entrava, bebia a copa, saía e, encostado à parede, deitava fora a aguardente que regurgitava, teimando voltar à boca. Pegava no rabeiro do burro, - anda lá, vamos! E iam os dois até às Morenas, confinadas entre o Pereiro e o Porto Sabugal.
A falta de espetáculo, de divertimento levava a rapaziada a angariar artistas a troco de uns copos. Sabido, o ponto fraco do ti Aguardente e o Parrado lança-lhe um desafio: - A malta paga-te um litro de aguardente, mas tens que a beber toda de seguida. Ora, o pobre homem não exitou um momento. Venha ela! E foi, mesmo, toda, de uma só vez.
O espetáculo durou pouco. Mal acabou, caiu redondo no chão. A malta começou a ficar aflita que o homem não tugia nem mugia. Pegaram numa padiola levaram-no a casa e meteram-no na cama. No dia seguinte, continuava igual e a malta começou a ficar aflita e a aventar sobre a responsabilidade que teriam no caso. Ao terceiro dia, começou a dar sinais de vida. Não se lembrava de nada, retomou a rédea do burro, passou pelo café e foi até às Morenas.
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