Dizia-me um conterrâneo, em tom de crítica amigável, no Verão próximo passado, que este blog dava mais importância ao passado e aos mortos do que ao presente e aos vivos e, claro, não deixa de ter razão. Alguma razão. Terá a ver com o inexorável fato da velhice que, ano a ano, carrego em mim e me leva com mais frequência ao cemitério da aldeia onde converso com gente com quem vivi. Pensando bem, é nos cemitérios que encontramos a razão do presente e o sentido do futuro. O que são as bibliotecas senão cemitérios de livros, esse armazens do saber? O que aprendemos é não tanto com o vento que passa mas com o vento que passou.
É assim que, ao interessar-me pelos Fonsecas Osórios de hoje, navego pelo passado e me aparece gente que " por obras valerosas se vão da lei da morte libertando". A gente que veio parar à minha terra é gente que aqui veio ter, aqui viveu e daqui partiu: Gente rica, gente nobre, gente pobre; exércitos, alcaides, milícias, guerreiros e guerrilheiro, soldados, capitães, tenentes e coronéis; bispos e vigários gerais, padres e capelães, missionários e pregadores; pessoal da administração concelhia e da alfandega, tabeliães, juízes espadanos, regedores; guardas do monte, dos rios, do fisco e da república. Todos em nome de Deus e do rei sustentados por quem trabalha a terra - lavradores, pastores e cavadores - que de tão ligados à terra não iam nem vinham, por aqui ficavam aguardando o tempo das colheitas para de novo semearem, uma vez e outra, e outra. Havia os homens dos ofícios todos vitais mas de tantos que são que fiquem aqui registados os ferreiros e os pedreiros por razões da sua evidente importância. Sobra desta gente os que por cá passavam ao serviço do rei - Duarte D'Armas desenhador; o Infante D. João de Castro - irmão do rei D. Fernando que fugido à justiça se acoitou no castelo; os homiziados que aqui cumpriam as penas de seus crimes; os pobres que mendigavam um pedacito de pão, por Deus; os criados, os ganhões e criadas de servir, os recém-nascidos colocados na roda enjeitados, os contrabandistas, os jograis e os teriteiros, as bruxas e boticários, amola tesouras e capadores. E também vinha gente de longe cobrar as rendas, por si ou por seus delegados, como a condessa de Bobadela que arrecadava 140 alqueires de pão por ano. Se aqui houvera uma procissão com toda esta gente com os instrumentos com que ganha a vida - na verdade perdendo-a a cada dia que passa - haveria de ser um espectáculo admirável. Se não desse para o torto ... que a gadanha do feno, a foice do pão e todas as outras são armas de dois gumes.
Então e as mulheres, voltam a ficar esquecidas? As mulheres eram as mulheres desses homens.
Então, e o que é que tudo isto tem a ver com o bispo Jerónimo Osório da Fonseca? Veremos num próximo post.
. Requiescat in pace, Franc...
. Requiescat in pace, padre...
. Requiescat in pace, João ...
. A mesma história com outr...
. Requiescat in pace, Joaqu...
. Requiescat in pace, Zé Si...
. Bispo D. Tomás Gomes de A...
. badameco
. badameco
. o encanto da filosofia
. Blogs da raia
. Tinkaboutdoit
. Navalha
. Navalha
. Badamalos - http://badamalos.blogs.sapo.pt/
. participe, leia, divulgue, opine