Visita 14-09-2016. Percurso: Nave - Vila Boa - Nave
Área -10,73 km² . Densidade populacional é de 22,6 hab/km².
Evolução da população
1864 |
1878 |
1890 |
1900 |
1910 |
1920 |
1930 |
1940 |
1950 |
1960 |
1970 |
1981 |
1991 |
2001 |
2011 |
630 |
798 |
754 |
879 |
820 |
780 |
822 |
928 |
948 |
844 |
511 |
410 |
379 |
330 |
243 |
Poisei o carro ao cemitério da Nave e deitei pés ao alcatrão, estrada fora, tudo a descer, até à entrada de Vila Boa onde se encontra o cemitério. Logo a seguir, a água num extenso e trabalhado pio ou bebedouro para o vivo, sobretudo burros e vacas. A água, elemento fundamental, que um filósofo grego há mais de dois milénios escolheu para explicar a origem de tudo:tudo é água, tudo é feito de água. A terra é uma espécie de embarcação que flutua sobre a água. Mais prática, a gente de Vila Boa sabia que sem água não se podia viver:nem plantas, nem animais, nem homens. E fazia parte dos elementos da natureza, caía abundante do céu, entranhava-se na terra, alimentava nascentes, formava ribeiros que se juntavam a outros e iam dar a uma ribeira maior que se lançaria num rio maior até chegar ao mar que a maior parte desta gente nunca viu. Se a seca se prolongava, colocando em perigo as culturas, o povo punha-se em procissão, encabeçada pelo sr padre, devotamente se rogava aos santos para que Deus derramasse chuva.sobre os campos. As orações estavam feitas ficaria nas mãos de Deus o seu atendimento. A água obedece à sua natureza e não aos desejos do homem e para que lhes seja útil têm que a domesticar represando-a, canalizando-a, guardando-a, orientando o seu curso, aproveitando a sua força. Boa parte do tempo é gasta com cuidar da água: transportá-la para casa, regar as culturas dos campos, dar de beber ao vivo, lavar a roupa, fazer a barrela, amolecer o linho, amassar o pão, fazer o caldo dos homens e a vianda dos animais. E apetece dizer como o outro: a água serve para muitas coisas e até, dizem, que há quem a beba. Em terra de muito vinho, e em Vila Boa era bom e abundante, preferia-se este e até se dizia do home pantanoso, sem sem préstimos maiores que é um bebe águas.
Manuel Joaquim Correia refere Via Boa como "um lugar muito úmido e pantanoso donde tem resultado o aparecimento de várias epidemias, tais como o tifo em 1882 e 1883, que dizimou consideravelmente a população". A àgua que se consumia era quase sempre tirada de fontes de chafurdo ou de locais parados. Não havia canalizações, não havia sistemas de esgotos. A única análise tida como segura era o dito popular: àgua corrente não mata a gente. Mas como isso podia falhar acrescentava: E se a matar é para sempre. Decerto essas epidemias ficaram na memória e o povo foi procurando melhorar as condições de sanidade e terá construído pios e chafarizes e até chamado a atenção sobre cuidados a ter como nos mostram os versos inscritos por cima da bica corrente
Pede-se pela saúde dos animais
Para quem está água sujar
Vingança severa e justiça
Sobre quem assim pretende matar
O bebedouro dos animais
Não serve para alguém se lavar
Nem vasilhas sujas ou fuscas
Para água na bica ou pios apanhar
Vila Bôa, 19 de Agosto de 1962
E nada como pôr o Santo Antão, protetor dos animais, a guardar a água.
Passeei-me pelas ruas de Vila Boa rememorando o passado inscrito nas ruas com casas de lavradores, de tantas vidas que por ali passaram.
Parei e ali fiquei a olhar para esta casa, igual a tantas outras, a lembrar um mundo em que eu vivi. E perdido neste olhar, sou acordado, não pelo rodado de um carro de vacas mas pela carroça que lhe sucedeu.
E para sacudir recordações, atirei:
- Que lindo par de namorados. Deixam- me tirar um retrato?
- Pois faça! ,respondeu o homem.
- E para onde nos leva?, perguntou a mulher
- Comigo!, respondi
- Veja lá se nos leva pra a internet
- Ficam bem em qualquer lado.
Um pouco à frente meti conversa com a ti Maria da Conceição que falou da Festa do Santíssimo Sacramento, da festa do Santo Antão, dos emigrantes que abalavam e deixavam, de novo, a terra sem ninguém, dos dois filhos, até me perguntar:
-Atão de onde é vossemecê?
- Sou de Vilar Maior
- Então, conheceu lá a senhora Assunção, casada com um polícia.
- Sim, conheci.
E desfiou o rol de graças e favores que a senhora lhe fizera por ter tido em sua casa o seu filho que andava a estudar na Guarda. Disse-lhe eu que a conhecia muito bem, pois, era minha tia e madrinha.
Pequeno é o mundo.
. Feliz Páscoa - Mandar rez...
. Igreja da Senhora do Cast...
. Projeto "Tornar Vilar Mai...
. Quando a festa virou trag...
. Requiescat in pace, Elvir...
. Requiescat in pace, Maria...
. Tornar a Vila numa aldeia...
. badameco
. badameco
. o encanto da filosofia
. Blogs da raia
. Tinkaboutdoit
. Navalha
. Navalha
. Badamalos - http://badamalos.blogs.sapo.pt/
. participe, leia, divulgue, opine